domingo, 26 de agosto de 2007

Tudo começa por onde devia começar, eu sentado em minha escrivaninha com minha maquina de escrever, cigarros e uma dose de conhaque sem gelo, na vitrola um disco do Bob Dylan gritando sua gaita, no meu peito o peso do tédio como uma tonelada sufocando meus dias de alcoólatra e saudosista das tardes amenas no Esmeralda Bar, da boemia ao lado dos bons “Bichos” que me acompanhava pela noite fria, de cor azul pelo néon das fachadas dos becos de prostitutas, com espeluncas abertas para jogarmos sinuca sorrindo, bailando na leveza do álcool e de alguma outra droga para curtir o barato da noite. Só a noite com seus bêbados caídos, com sua iluminação laranja dos postes de mercúrio, dos pontinhos vermelhos de pára-raios, da neblina tímida que esfria para nos aquecer correndo dentro de casacos ou blusões de golas levantadas.
Agora gemo dentro deste apartamento, sufocado pelo barulho das buzinas, assustado com secretarias eletrônicas e caixas eletrônicos do banco do brasil que conversam comigo. Em outra época meu gemido já foi bem mais prazeroso, em um ritmo alucinante, agora sou só um suspiro do vendaval, sou apenas um escritor trancado machucando as letras com tão pouca poesia na escrita.

Um comentário:

Rafaella Teotônio disse...

adorei!!!!o velho Keroauc iria gostar tambem...